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Novíssima Viagem Filosófica da brasilidade na Terra sem Mal

 Publicado por waltersorrentino em 19/02/2011

Na mosca! Conheci Varela três dias atrás, em Belém. Antes, indo ao Amapá, recebi mensagem dele no tuíter. Mas foi na homenagem a Neuton Miranda que ele me envolveu, culto, inteligente, com prosa inesgotável (a gente não quer que termine). Na hora, pedi-lhe uma entrevista pro blog. É um presente de domingo aos leitores no conversa.com.O caboco marajoara, patriota do Marajó, mostra suas armas. Vejam vocês mesmos. Deixei a biografia pro final, o melhor é curtir sua prosa antes. Ele é sobrinho de Dalcídio Jurandir, romancista e intelectual de nomeada daquelas terras, sempre prestigiado pelos comunistas.
Delicioso: “segundo Montaigne e Rousseau, foram “embaixadores” tupinambás levados à corte de Ruão que sugeriram aos sans cullote, anos mais tarde, a revolução de 1789”. A utopia da Terra sem Mal frutificou nestas paragens.
Jose+Varella
Varela, Belém completa 400 anos em 2016 e São Luís agora em 2011. Há ligação entre os dois processos, pois não? Aliás, envolvem disputas Portugal X França e isso foi precedido por Olinda...
Tenho escrito alguma coisa sobre isto. Em 1999, no ensaio “Novíssima Viagem Filosófica” abordei o que se poderia dizer teoria do bumerangue: a conquista ultramarina atraindo sobre a Europa imperial efeitos inesperados da dispersão da velha Lusitânia pelo desvio do Atlântico Sul, se estabelece em Nova Lusitânia (Olinda, Pernambuco), se irradia para o Norte e funda Feliz Lusitânia (o Grão Pará, Amazônia lusitana (1616-1823), que se transformou na Amazônia brasileira através de um complexo processo histórico pouco conhecido do público luso-brasileiro.
Em 2002 reincidi na tentação historiográfica e publiquei um novo ensaio chamado “Amazônia Latina e a terra sem mal”. Desta vez, me atrevi a dizer que foram os Tupinambás os verdadeiros conquistadores do rio das Amazonas ao lado de arcabuzeiros “portugueses”, na verdade mamelucos de Pernambuco e da Paraíba. Os portugueses propriamente ditos colonizaram a região depois de conquistada por remos e arcos tupis. No que tange à França, segundo Montaigne e Rousseau, foram “embaixadores” tupinambás levados à corte de Ruão que sugeriram aos “sans cullote”, anos mais tarde, a revolução de 1789. Como se recorda a “Terra sem mal” é a utopia dos índios (lugar mítico sem fome, trabalho escravo, doença, velhice e morte) que corresponde à idéia de um paraíso eterno ou sociedade igualitária justa e perfeita.
A partir dos 400 anos de São Luís do Maranhão (cidade afrolatino-americana por excelência), em 8 de setembro de 2012, pode-se revisitar a invenção da Amazônia. Obra iniciada em Olinda-PE, durante o movimento sebastianista português, interno na chamada União Ibérica (1580-1640), que incluiu a ocupação holandesa do Nordeste e do Norte e remete à aventura geopolítica do “Quinto Império do Mundo” pelo controvertido e genial Padre Antônio Vieira, condenado pelo Santo Ofício pela heresia judaizante original do monge Joaquim de Fiori.
Minha tarefa consiste apenas em provocar a discussão acadêmica para inclusão das populações brasileiras marginalizadas pelo processo histórico e apartadas ainda na historiografia brasileira. Compreendo que não pode haver inclusão social nem cidadania de fato sem prévia inclusão no tempo e no espaço político do País.
A França teve posição ambígua na expansão colonial como monarquia católica e potência mercantil protestante: a denúncia, pelo monarca Francisco I da França, do tratado de Tordesilhas de 1494 entre Portugal e Espanha homologado pelo Papa Alexandre VI, o famoso “testamento de Adão”; explica esta contradição interna francesa, donde a precariedade da “França Antártica” (Rio de Janeiro) de Villegaignon; e da “França Equinocial” (Maranhão) de La Ravardière. 

Em são Luís o PCdoB comemorará levando comunistas franceses (a cidade foi fundada por franceses) e portugueses em 22 de março. Belém está se preparando? Em 1954 São Paulo fez o IV centenário inesquecível até hoje pela “velha guarda”. A “nova guarda” ficou com o Ibirapuera de Niemeyer, veja só. Brasília aos 50 anos fez uma sinfonia. E Belém? 

O ciclo de estudo e debate promovido pelo PCdoB sobre o VI Centenário da cidade de São Luís do Maranhão é extremamente interessante, não só para o país tomar consciência deste outro Brasil que lutou contra o colonialismo luso e recaiu sob o neocolonialismo da corte imperial do Rio de Janeiro contra o qual também se insurgiu com movimentos populares notáveis, como a Cabanagem, por exemplo. Mas, também para que as ex-metrópoles percebam a insustentável apartação entre “primeiro” e “terceiro” mundos…
Em 2015 acaba o prazo combinado com a ONU para as metas do Milênio. Como se acham as classes menos favorecidas das regiões periféricas oriundas da massagada de escravos indígenas e negro africanos? A patuléia descendente de degredados e pobres lavradores dos Açores e mais ilhas de Portugal por acaso, em muitos casos, não se tornaram também estes “negros da terra” independente da melanina? 
Aux bas fonds da invenção da Amazônia surdiu-se o lumpen-proletariado que ainda hoje é presa fácil dos devastadores da Floresta Amazônica e dos piores latifundiários, vítima preferencial de gateiros e mártires de matadores de aluguel, donde Chico Mendes, João Batista, Paulo Fonteles, Canuto, Expedito, Dorothy Stang e tantos mais… Os comunistas não apenas se preparam para festejar estes 400 anos, mas sobretudo para reverenciar os heróis da resistência e os verdadeiros patriotas da Adesão à Independência do Brasil. Combater a falsificação da História e evitar que o espetáculo acrescente a alienação do povo…
O convite aos camaradas franceses e portugueses para confraternizar com os brasileiros poderiam também se estender aos de países africanos que, pouco depois, vieram ao estado do Maranhão e Grão-Pará (1621-1823) dar contributo fundamental à amazonidade. Belém, podemos dizer, ainda não despertou para esta efemeridade, exceto alguma intenção da municipalidade em promover festividade à altura do acontecimento. Acredito, todavia, pela manifestação da Câmara Municipal de Belém em memória de Neuton Miranda que o PCdoB-PA já está sensibilizado a participar com seus congêneres deste mergulho ao tempo e ao espaço amazônico, donde “negros da terra”, “negros da Guiné” e a patuléia lusitana deram sangue ao povo amazônida donde os João Amazonas, Pedro Pomar, Dalcídio Jurandir, Eneida de Moraes, Ruy Barata, Neuton Miranda e muitos outros se tornaram ícones. Assim, dos levantes indígenas dos inícios do século XVII, da Cabanagem de 1835/40, até a Guerrilha do Araguaia tudo se emendou em um continuum histórico levando à Democracia Socialista futura…
Em Belém o monumento da Cabanagem projetado por Oscar Niemeyer fala aos trabalhadores que circulam diariamente pelo Entroncamento sobre o “dedo decepado” da História: a reflexão dos 400 anos, a partir de São Luis do Maranhão (2012) até Belém do Pará (2016), deve alentar o povo brasileiro a seguir a saga do Bom Selvagem, como o fariam Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro, na redescoberta da utopia da Terra sem mal e esperanças do velho Portugal sebastianista de um reino de paz onde cristão, judeus e mulçumanos confraternizados com outras confissões possam conviver em melhor para todos, conforme as primitivas tradições de povos oprimidos pelos impérios da antiguidade, estranhamente refletidas na mensagem internacionalista do Manifesto Comunista. 

Você é historiador “amador”, são os mais agradáveis de ler. Mas você foi do Itamaraty e teve passagem pelo Marajó. Como foi isso? 

Embora eu tenha uma formação incompleta de Direito, tecnólogo de Saneamento Ambiental e Economia, o nomadismo inato de meu temperamento não me deixou colocar a mão num canudo de curso superior. Ainda assim fiz extensão em Relações Internacionais e Ciências Sociais: nada mais do que uma base para saber do que os senhores donos do poder estão falando… Cultivei o estudo historiográfico por necessidade e acaso: segundo amigos cabocos eu escrevo muito complicado e, portanto, para eles é melhor uma boa conversa de compadre. Entre os doutos que leram meus dois livrinhos uns três acharam traços de filosofia medieval do italiano Giambattista Vico, que eu em verdade jamais havia lido antes: como eu me tenho em razoável conta de marxista-leninista de beira de rio, desconfio que o aparente “corsi i recorsi” viquiano se passe na minha estória mais por influência do fluxo e refluxo da maré, ou pelas oscilações do romance de Dalcídio Jurandir entre as ilhas e a cidade grande. Pois, como todos sabemos, o Amazonas é uma imitação natural do rio de Heráclito. Ou vice-versa…
Minha passagem pelo Itamaraty se deu através de um concurso público para oficial de administração (que os militares do extinto DASP transformaram em agente administrativo). Como sou um caboco de sorte fui removido para a Primeira Comissão Demarcadora de Fronteiras, em Belém. A minha verdadeira universidade. O Marajó é minha pátria e lá tenho todos meus avós enterrados, inclusive minha avó índia Antônia Silva e meu avô camponês da Galícia Francisco (aliás Celestino) Pérez Varela… 

Por isso caboco marajoara então? 

Meu pai era filho de uma índia marajoara e se orgulhava de ter sangue cabano…  Nasci na maternidade da Santa Casa de Misericórdia do Pará, pois foi o primeiro parto de minha mãe e a vila de Itaguari (Ponta de Pedras) não havia médico. Muito devota, a galega quis que seu primeiro filho se chama-se Jesus José Maria; o caboco que foi meu pai fez finca pé para que o primogênito tivesse nome grego de Orestes. O santo do dia era São Serapião… Não teve jeito, o padre da igreja da Santíssima Trindade conseguiu um abatimento da mãe carola e o caboquinho saiu da pia chamando-se José Maria Varella Pereira, seu criado.
A família zarpou da doca do Ver O Peso em canoa à vela, ano de 1937, mês do vento, novembro no verão amazônico. Na Europa estala a II Guerra Mundial… A gente tinha notícia pela BBC e a Voz da América, naquele tempo a Voz do Brasil chegava na ilha muito distante e coada pela estática entre chuvas e trovões. 

Aliás, a cultura marajoara sofre a maior antropofagia. Pergunto se há um museu na ilha guardando suas raízes e como anda o trabalho de pesquisa. 

Você diz, corretamente, que a Cultura Marajoara sofre a maior antropofagia. Pura verdade, que talvez sua passagem como médico da pequena Cachoeira do Arari lhe deu a perceber prontamente. É exatamente o tema que desenvolvo a partir do conflito pré-colonial entre Tupinambás e Nheengaíbas; que favoreceu, sem dúvida, a Entrada de Pedro Teixeira movido por 1200 arcos e remos de Belém do Pará a Quito (Equador), de 1637/1639, e depois a missão pacificadora do Padre Antônio Vieira. A ilha do Marajó foi de fato a costa-fronteira do Pará segundo a linha de limites de Tordesilhas. Sem a antropofagia ritual do Bom Selvagem a história teria sido outra.
Belém pratica a antropofagia cultural contra as ilhas: apropria-se dos símbolos e valores da Cultura Marajoara e não dá quase nada em troca. Mal com os padres e pior sem eles, foi um jesuíta italiano insubmisso que contra vento e maré inventou o ecomuseu chamado Museu do Marajó que o Brasil não quer enxergar. Estou fatigado de clamar pela federalização do Museu do Marajó juntamente a casa em que viveu o escritor Dalcídio Jurandir, em Cachoeira do Arari, o modelo para isto pode ser a  fundação Casa de Rui Barbosa. Ou uma extensão do Museu Goeldi… 

Dalcídio Jurandir. Que significa para o povo do Pará e do Brasil? Que legado deixou? Ele foi teu tio, não é mesmo? 

Toda obra do romancista Dalcídio Jurandir (Dalcídio José Ramos Pereira, nascido em Ponta de Pedras-PA, em 10/01/1909 e falecido no Rio de Janeiro-RJ, em 16/07/1979) está resumida na série Extremo-Norte (Chove nos campos de Cachoeira, Marajó, Três casas e um rio, Belém do Grão-Pará, Passagem dos Inocentes, Primeira Manhã, Ponte do Galo, Chão dos Lobos, Os habitantes e Ribanceira) e o romance Linha do Parque sob tema proletário do Rio Grande do Sul, este traduzido para o russo e o mandarino (chinês). O mapa literário do Brasil tem diversos ícones que representam estados e regiões culturais, o Pará com a paisagem cultural Belém-Marajó ficaria muito bem representando por Dalcídio.. Ele deixou como legado um testemunho artístico, antropológico e político da “criaturada grande”, populações tradicionais ribeirinhas do Baixo Amazonas, Ilhas do Marajó, e subúrbio de Belém. O homem amazônida que lentamente vai sendo extinto junto com os bichos e as plantas da região sob o peso do mercado capitalista sem pátria. Dalcídio era meu tio por parte paterna, meu pai era do primeiro casamento de meu avô Alfredo com a índia Antônia Silva; e o tio Dal filho na negra Maragarida Ramos, que ainda deixou o capitão viúvo para casar com dona Isabel Trindade, uma mulher negra muito querida na vila de Ponta de Pedras. Ao todo, meu avô teve mais de dezoito filhos e filhas. 

E Neuton Miranda? Foi ele quem te aproximou do PCdoB. Que ele e esse partido significam para você? 

Quando Dalcídio morreu eu estava em Manaus a serviço de demarcação de fronteira com a Venezuela, meses antes passando pelo Rio de Janeiro falei ao telefone com ele e me disse do mal de Parkinson. A família sabia que o desfecho não estaria longe. Meu pai morreu em minha casa em Belém depois de longa enfermidade. Lamentei estas duas mortes, mas sabia que eram inevitáveis. Mas, a morte súbita de Neuton foi para mim um golpe devastador e me fez chorar todas as lágrimas represadas. Foi perda imensa para o País e para o partido, de uma maneira que talvez ainda não nos damos conta. Porém para o espoliado e fagocitado Marajó com seus párias ribeirinhos foi um uma morte devastadora.
Neuton não apenas me reaproximou do PCdoB (eu tive um curto contato na clandestinidade e estive muito motivado, em 1968, a ir para o Araguaia donde o quinto ataque de malária seguido depressão me afastou e encaminhou, em 1970 a Brasília), ele deu-me oportunidade de colaborar com a equipe de regularização fundiária no arquipélago do Marajó, juntos inventamos seminário dos povos das águas junto ao Fórum Social Mundial em 2009, em Belém. A última vez que nos encontramos na ilha, por acaso, foi no Museu do Marajó.
JOSÉ MARIA VARELLA PEREIRA, brasileiro, nascido em Belém-PA, em 30/10/1937, casado com PALMIRA DE NAZARÉ MORAES PEREIRA, do casal nasceram três filhos acrescidos de um adotivo; servidor federal (Oficial de Chancelaria do Serviço Exterior) inativo. É autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica”, “Amazônia Latina e a terra sem mal” e “Breve história da gente marajoara”.
Descende de imigrantes galegos por lado materno e portugueses por lado paterno todos radicados na ilha do Marajó-PA, sua avó por parte de pai era indígena marajoara. Viveu a infância e parte da juventude até os 20 anos de idade, aproximadamente, no município de Ponta de Pedras, onde em propriedade familiar aprendeu a trabalhar a terra e praticar o extrativismo agroflorestal, a praticar o pequeno comércio fluvial (regatão) no lago e rio Arari e a vender produtos regionais da ilha na feira do Ver o Peso. Foi admitido como repórter no “Jornal do Dia” e mais tarde na “Folha do Norte”, colaborou no jornal “A Província do Pará” e em “O Liberal”, publicou em “A Crítica” de Manaus e “Correio Braziliense” de Brasília.
Em 1960, disputou o cargo de vice-prefeito do município de Ponta de Pedras pelo extinto Partido Republicano não tendo êxito no pleito, mas a partir de então encerrou a atividade de jornalismo para se dedicar à administração pública. Foi candidato ao cargo de vereador da Câmara Municipal de Ponta de Pedras, em 1996, alcançando apenas uma das suplências. Em 1998, aposentou-se do cargo de Oficial de Chancelaria ao completar 35 anos de serviço público.
É co-organizador do movimento dito “Grupo em Defesa do Marajó – GDM” lançado em 20/12/1994 pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará, através do campus Marajó, em parceria com a SOPREN. É representante do Museu do Marajó em colegiado da sociedade civil no GEI-Marajó. Convidado por Neuton Miranda, titular da Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU-PA), prestou colaboração voluntária ao treinamento de força-tarefa para ação emergencial de regularização fundiária de comunidades tradicionais ribeirinhas do Projeto NOSSA VÁRZEA no âmbito do Plano Marajó.
É ele quem nos sugere os sítios www.museudomarajo.com.br e www.dalcidiojurandir.com.br com complemento a esta leitura.
Os “seus livrinhos”, com tiragens domésticas de 1000 exemplares cada título, estão esgotados. Está terminando de revisar o terceiro e último ensaio da trilogia, denominado “Breve história da Amazônia Marajoara”… O prêmbulo você pode ler em http://academiaveropeso.blogspot.com/2010/12/introducao-amazonia-marajoara.html.
Um brasileiro de bem, o Varela!
Como Dalcídio: um romancista antifascista , da Aliança Nacional Libertadora, colaborador da Tribuna Popular e de A Classe Operária, do Partido Comunista do Brasil. Veja no sítio http://www.dalcidiojurandir.com.br/xhtml_php/index.php

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