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Pretérito imperfeito

“O que é então o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicar a quem pergunta, não sei.” Santo Agostinho, Confissões Cristiano Capovilla* e Fábio Palácio**             O raciocínio em epígrafe expõe a dificuldade da razão ao tratar de um tema caro a todos nós. Vivemos no tempo, mas como conceituá-lo? Para os teólogos, nosso tempo na terra é o fundamento da condenação ou da salvação, quando do julgamento final. Para os filósofos modernos, o tempo virou história, medida das transformações sociais e políticas. Em que pesem as diferenças, ambos concordam em um ponto: o tempo é o critério de avaliação de nossas práticas.              Surge aqui uma vez mais, e sempre, o padre Antônio Vieira. Subvertendo compreensões comuns, maceradas por sua retórica dialética, o Imperador do idioma afirma ser o tempo fugaz e irreversível, algo que “não tem restituição alguma”. O uso diligente do tempo, com a prática das boas obras, é o critério de salvação da alma. Por isso, “o
Postagens recentes

Os desafios políticos e econômicos do segundo mandato de Dilma Rousseff

Os recentes movimentos da oposição e, juntado a isso o ajuste do capitalismo internacional decorrente da crise cíclica do capital, remete a necessidade de compreender as nuances concretas dos fatos, sob pena de ser atropelado pelo turbilhão de uma direita ainda mais conservadora e inflada como representação parlamentar no congresso nacional, tendo o consórcio midiático oposicionista a seu favor. Este é o nível da batalha ora em curso . Limites e possibilidades Um cenário adverso à continuação do ciclo de desenvolvimento saiu das urnas. O governo Dilma, nesse início de mandato, se depara com os primeiros reflexos da eleição de uma composição congressual de caráter mais conservador e de visão atrasada de país. O conservador Eduardo Cunha foi alçado à presidência da câmara federal. Trata-se da materialização da ameaça sem escaramuças as pautas sociais, bem como o trampolim de ataque a posições do governo ou, ainda, à produção de crises institucionais visando paralisar o Brasil.

Coerência política

  Roberto Amaral é um dos que se somam a coerência política que deve ter um partido que se denomina socialista. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) não deve sua reputação histórica a Eduardo Campos, sim, a João Mangabeira, Domingos Vellasco, Hermes Lima, Rubem Braga, Osório Borba, Joel Silveira, José Lins do Rego, Jader de Carvalho, Sergio Buarque de Hollanda e Antônio Cândido.  O segundo capítulo da história desse partido foi sua refundação. A Comissão Nacional  criada para isso teve importantes nomes da vida política do país e da intelectualidade brasileira. Figurava  Antônio Houaiss como presidente e como membros: Marcello Cerqueira, Roberto Amaral, Evandro Lins e Silva, Jamil Haddad, Joel Silveira, Rubem Braga e Evaristo de Moraes Filho. Este último é autor de um importante livro intitulado “O problema do sindicato único no Brasil: seus fundamentos sociológicos. Em março de 1990, o governador Miguel Arraes, foi convidado pela direção nacional, ingressar no PSB. Sua bi

Ucrânia e os esforços desesperados para salvar o dólar dos EUA

De acordo com o escritor e analista de pesquisa de mercado americano, Dr. Jim Willie, a atual crise da Ucrânia não é nada como a luta do Oriente e do Ocidente pela supremacia financeira. "Eu acho que Willie escreveu que estávamos em uma situação desesperadora. O governo dos EUA não podem permitir que a Ucrânia se tornasse um ponto de trânsito central através do qual pipelines alargariam a zona de comércio euro-asiático em expansão. Tentam por todos os meios impedir o desenvolvimento da zona de comércio euro-asiática porque os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, neste caso, iriam ficar para trás. Se você cavar um pouco mais e tentar entender o que realmente está acontecendo, podemos perceber nos recentes eventos  três  ataques a Gazprom russa. O primeiro ataque a esta grande empresa russa foi velado em eventos cipriotas. A maior subsidiária da "Gazprombank", localizado em Chipre. Além disso, a Rússia tem utilizado Chipre como uma câmara de compensação para comprar barr

Ucrânia e o grande tabuleiro de xadrez

  [*] Pepe Escobar ,  Asia Times Online  −  The Roving Eye “ Ukraine and the grand chessboar d ” Traduzido pelo pessoal da  Vila Vudu O Departamento de Estado dos EUA, pela porta-voz Jennifer Psaki, disse que notícias de que o diretor da  CIA  John Brennan teria dito aos mudadores-de-regimes em Kiev que “conduzissem operações táticas” – ou alguma “ofensiva antiterrorista” – no leste da Ucrânia são “completamente falsas”. Significa que as notícias são verdadeiras. Brennan já transmitiu a ordem de marcha. No momento em que escrevo, a campanha “antiterroristas” – com seu simpático toquinho de retórica à Dábliu – já degenerou em farsa. Agora, combinem essa notícia com o Secretário-Geral da OTAN, o cão-de-caça Retriever  holandês, Anders Fogh Rasmussen, a latir sobre o reforço militar ao longo da fronteira leste da OTAN: “Teremos mais aviões no ar, mais navios na água e mais prontidão em terra”. Aí está. Bem-vindos à doutrina da guerra pós-moderna dos Dois Patet

Começou uma nova Guerra Fria. Que alívio!

The Saker 2/4/2014,  The Saker ,  The Vineyard of the Saker “ A new Cold War has begun - let us embrace it with relief ! ” Traduzido pelo pessoal da  Vila Vudu Considerada a relativa calmaria que parece configurar-se na Ucrânia, o momento parece propício para examinar o impacto que os dramáticos desenvolvimentos naquele país tiveram sobre o cenário político interno da Rússia e o que esse impacto, por sua vez, pode significar para a (des)ordem internacional. Para isso, gostaria de começar  por um  breve resumo  de uma tese que já  mencionei antes . Preparando a parte russa do palco Primeiro, uma lista itemizada dos tópicos que já se discutiram nesse blog:   1.   Não há real oposição parlamentar na Rússia. Mas, não, não, não porque “Putin é um ditador”, nem porque “a Rússia não é uma democracia”, mas, sim, simplesmente, porque Putin manobrou brilhantemente ou para cooptar ou para cortar as garras de qualquer oposição. Como? Usou bem sua autoridad