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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Pequena reflexão sobre o Maranhão: parte 2

Foto do Palácio dos Leões, por Silveria Caros leitores Dessa vez vou falar sobre as particularidades da nossa terra , pois cada vez que estudo mais sobre ela, mais a amo. Os processos que precederam a ocupação portuguesa nas terras da América, após a descoberta por Cabral, tiveram como elemento definidor motivos de ordem política e econômica. Tais aspectos irão permear a constituição do estrato sócio-econômico e das classes fundamentais, como diria Gramsci (1968), no processo organizativo do Estado colonial brasileiro. O rei de Portugal, Dom João III, sob inspiração de um regime de divisão territorial baseado em pressupostos feudais europeus, doa a fidalgos de sua corte de grande poder econômico capitanias hereditárias para que pudessem colonizá-las e defendê-las a suas próprias custas (GODÓIS, 2008). Distribuídas as terras do Brasil aos capitães mores em 1532, os primeiros movimentos para essa empresa são desencadeados. Consistem na divisão das 12 capitanias aos donatários e poste

Queda do império (científico) americano

  Agência FAPESP – Uma mudança no cenário da pesquisa científica mundial irá reposicionar os Estados Unidos como um personagem importante, mas não mais como líder dominante. E essa mudança ocorrerá já na próxima década, afirma estudo feito na Universidade Penn State, nos Estados Unidos. Por outro lado, a análise, apresentada no dia 18 na reunião anual da American Association for the Advancement of Science (AAAS), em Washington, aponta que o país poderá se beneficiar do novo panorama, caso adote políticas para compartilhar o conhecimento com a comunidade científica mundial. “O que está emergindo é um sistema científico mundial no qual os Estados Unidos serão um participante entre muitos outros”, disse Caroline Wagner, professora da Penn State e autora do estudo. Segundo ela, a entrada de mais países tem mudado o cenário da pesquisa mundial. De 1996 a 2008, a porcentagem de artigos científicos publicados pelos Estados Unidos em relação ao total mundial caiu 20%. Caroline atribui esse

Novíssima Viagem Filosófica da brasilidade na Terra sem Mal

 Publicado por waltersorrentino em 19/02/2011 Na mosca! Conheci Varela três dias atrás, em Belém. Antes, indo ao Amapá, recebi mensagem dele no tuíter. Mas foi na homenagem a Neuton Miranda que ele me envolveu, culto, inteligente, com prosa inesgotável (a gente não quer que termine). Na hora, pedi-lhe uma entrevista pro blog. É um presente de domingo aos leitores no conversa.com.O caboco marajoara, patriota do Marajó, mostra suas armas. Vejam vocês mesmos. Deixei a biografia pro final, o melhor é curtir sua prosa antes. Ele é sobrinho de Dalcídio Jurandir, romancista e intelectual de nomeada daquelas terras, sempre prestigiado pelos comunistas. Delicioso: “segundo Montaigne e Rousseau, foram “embaixadores” tupinambás levados à corte de Ruão que sugeriram aos sans cullote , anos mais tarde, a revolução de 1789”. A utopia da Terra sem Mal frutificou nestas paragens. Varela, Belém completa 400 anos em 2016 e São Luís agora em 2011. Há ligação entre os dois processos, pois não? Aliás,

Paim apresenta emenda que eleva valor do salário mínimo a R$ 560

  Paim apresenta emenda que eleva valor do salário mínimo a R$ 560 A novela em torno do novo valor do salário mínimo não terminou com a votação do projeto do governo na Câmara Federal. A proposta segue para o Senado, onde Paulo Paim, parlamentar afinado com os interesses da classe trabalhadora e do movimento sindical, já preparou uma emenda que eleva o mínimo de R$ 545 (aprovado pelos deputados) para R$ 560. Os 15 reais que serão acrescidos se a proposta vingar constituiriam antecipação de parte do aumento real previsto para o próximo ano, quando o reajuste será baseado no resultado do PIB de 2010, que teria avançado entre 7,5 a 8%. O valor de R$ 560 passou a ser defendido pelas centrais sindicais como uma alternativa de negociação diante do governo que, porém, não abriu mão de sua proposta original. Antecipação “Proponho uma antecipação do que vai acontecer em janeiro de 2012, quando o salário mínimo vai para R$ 620. Podemos então antecipar, por oito meses, R$ 15. Estaremos cumpri

Oriente Médio: nada será como antes

 Por Emir Sader Por duas fortes razões o Oriente Médio tornou-se um pilar da politica externa do império norteamericano: a necessidade estratégica do abastecimento de petróleo seguro e barato para os EUA, a Europa e o Japão, e a proteção a Israel – aliado fundamental dos EUA na região, cercado por países árabes. Egípcios comemoram renúncia de Mubarak  Emilio Morenatti/AP Por isso o surgimento do nacionalismo árabe tornou-se um dos fantasmas mais assustadores para os EUA no mundo. Por um lado, pela nacionalização do petróleo pelos governos nacionalistas, afetando diretamente os interesses das gigantes do petróleo – norteamericanas ou europeias –, pela ideologia nacionalista e antimperialista que propagam – de que o egípcio Gamal Abder Nasser foi o principal expoente - e pela reivindicação da questão palestina. A história contemporânea do Médio Oriente tem assim na guerra árabe-israelense de 1967 sua referência mais importante. A união dos governos árabes permitiu a retomada da re

Sarney, nosso Mubarak?

É com muito pesar que posto neste blog tal assunto, pois é algo indigno.  O Deputado Roberto Costa (PMDB) vem agora dizer que vai atuar em defesa da ciência e tecnologia distribuindo recursos voltados ao amparo a pesquisa a bajuladores e serviçais do esquema Sarney, é brincadeira, o antecendentes o condenam. É um escândalo nacional, até o PIG se horrorizou. Na época da eleição, eu até escrevi no meu blog um pequeno texto intitulado em " Um projeto para o Maranhão com Flávio Dino " em que falo de interface do desenvolvimento tecnológico e setor produtivo articulado as potencialidades do estado no bojo de um verdadeiro projeto de desenvolvimento para o Maranhão, dialoguei até com Tribuzi nesta ideia. Bom, o que isso tem haver esse post do blog do Cristiano Capovila ? Tudo. A concepção de ciência desta turma é contra o aparecimento de qualquer iniciativa de promoção desenvolvimento pesquisa e ciência no seu sentido estrito e, sim, a ciência do compadrio, da mitiga

Uri Avnery: Um “evento geológico” no Oriente Médio

Um “evento geológico” no Oriente Médio: uma villa na selva? por Uri Avnery , Gush Shalom [ Bloco da Paz], Israel T raduzido pelo Coletivo Vila Vudu Estamos passando por evento geológico. Terremoto de vastíssimas dimensões está mudando a paisagem do Oriente Médio . Montanhas convertem-se em vales, ilhas emergem do mar, vulcões cobrem de lava a terra. As pessoas temem mudanças. Quando acontecem, tendem a negar, ignorar, fingir que nada de importante estaria acontecendo. Os israelenses não fogem a essa regra. Enquanto no vizinho Egito têm lugar eventos que mudam a face da terra, Israel está absorvida num escândalo no alto comando do Exército. O ministro da Defesa detesta o atual comandante do estado-maior e não faz segredo. O novo chefe presuntivo foi denunciado como mentiroso e a nomeação foi cancelada. É o que se vê nas manchetes. Mas o que está acontecendo no Egito mudará a vida de todos em Israel. Como sempre, ninguém anteviu coisa alguma. O tão incensado e temido Mossad foi co

A terra treme no Oriente Médio

Afastado alguns meses por outros compromissos das colunas semanais do Portal Vermelho, retorno agora ao objeto de meus estudos e pesquisa há quase trinta anos – o Oriente Médio árabe – a convite desta vez do portal da Fundação Maurício Grabois na condição de colaborador. E retorno em um momento especial: a terra treme em todo o Oriente Médio em termos políticos. Dias de Fúria *Por Lejeune Mirhan Em termos de história, na maior parte do tempo, sejam em atitudes pessoais, atos coletivos e mesmo descobertas e invenções, nem sempre aquilatamos as dimensões que essas atitudes e descobertas podem ter na história da humanidade e no futuro imediato ou de médio e longo prazo. Pois arrisco um palpite que o caso do jovem de 26 anos Mohammed Boazizi, vendedor de frutas ambulante, mas com formação universitária, é um desses casos. Inconformado com o fato da polícia ter tomado seu carrinho, seu ganha pão, decidiu imolar-se em frente ao palácio presidencial onde governava desde 1988, por longos 23

Tunísia, Egito, Marrocos; Essas ditaduras amigas

Os nossos meios de comunicação e jornalistas não insistiram durante décadas que esses dois “países amigos”, Tunísia e Egito, eram “Estados moderados”? A horrível palavra “ditadura” não estava exclusivamente reservada no mundo árabe muçulmano (depois da destruição da “espantosa tirania” de Saddam Hussein no Iraque) ao regime iraniano? Como? Havia então outras ditaduras na região? E isso foi ocultado pelos meios de comunicação de nossa exemplar democracia? Por Ignacio Ramonet Uma ditadura na Tunísia? No Egito, uma ditadura? Vendo os meios de comunicação se esbaldarem com a palavra “ditadura” aplicada a Tunísia de Ben Alí e ao Egito de Mubarak, os franceses devem estar se perguntando se entenderam ou leram bem. Esses mesmos meios de comunicação e esses mesmos jornalistas não insistiram durante décadas que esses dois “países amigos” eram “Estados moderados”? A horrível palavra “ditadura” não estava exclusivamente reservada no mundo árabe muçulmano (depois da destruição da “espantosa tira