Pular para o conteúdo principal

Mauricio Dias: Há cem dias, Gurgel guarda um processo que ameaça Roseana Sarney


 

publicado em 24 de novembro de 2012 às 11:37

Há cem dias, Gurgel guarda um processo que ameaça Roseana Sarney. Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF
Gurgel acuado
por Mauricio Dias, em CartaCapital
É sinal positivo o clamor da oposição, em coro com trêfegos parlamentares da base governista, contra o texto do deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPMI sobre as atividades  criminosas e as afinidades eletivas do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Cunha incomodou muita gente e contrariou variados interesses. Não se sabe se o relatório conseguirá cruzar a tempestade provocada pelos contrariados e chegar a porto seguro. Na partida, se assemelha a um barquinho navegando sob bombardeio. E pode afundar antes de ancorar.
A lista de indiciados e de responsabilizados, elaborada por Cunha, é uma carga pesada. O relator julgou suficientes as provas colhidas que, em princípio, são capazes de derrubar o governador tucano Marconi Perillo (GO); de incriminar jornalistas que, ao romper limites éticos, transitaram do campo da investigação para o da associação, e de provocar danos graves ao empresário Fernando Cavendish, da Delta, entre outros casos.
Notadamente, o relatório pode desestabilizar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.Gurgel é peixe graúdo. A contrariedade da mídia, com a inclusão do nome dele na lista de Cunha, comprova. Ele tornou-se um procurador heterodoxo. Virou peça do jogo político de curto e de longo prazo. Em linhas gerais, passou a atuar afinado com a oposição a Dilma, a colaborar com o esforço de neutralização de Lula e, por fim, mas não menos importante, a agir com o objetivo de encerrar o ciclo do PT no poder.
Caso aprovado, o relatório de Cunha pode abalar Gurgel e, inclusive, interferir na própria sucessão dele, na PGR, em julho de 2013.Roberto Gurgel é acusado por crimes constitucional, legal e funcional. A aprovação do relatório, nesse ponto, levará a questão à Comissão de Constituição e Justiça do Senado, competente para processar o procurador-geral por crime de responsabilidade.
No STF, Gurgel seria julgado por improbidade administrativa e por prevaricação.O procurador-geral foi fisgado porque manteve engavetadas as denúncias da Operação Vegas. Assim atraiu a suspeita de ter sido conivente com as atividades criminosas de Cachoeira, apuradas pela Polícia Federal. Ele alegou à CPI que tinha detectado somente desvios no “campo ético”, insuficientes para abrir ação penal.
Gurgel, no entanto, mantém outros problemas na gaveta. Há quase cem dias guarda o processo enviado ao Ministério Público, no qual a governadora Roseana Sarney (MA) é acusada de assinar convênios com as prefeituras, no valor aproximado de 1 bilhão de reais. Cabe a ele dar um parecer que pode levar Roseana a perder o mandato.
Há quem veja nessa morosidade um conluio entre o senador Sarney, pai da governadora, e Gurgel. Sustentam essa hipótese renitentes coincidências. José Arantes, assessor parlamentar do procurador-geral foi assessor parlamentar de Sarney na Presidência da República. Seria apenas um detalhe curioso?
Mas há problemas concretos. Um deles, já denunciado nesta coluna, levou o presidente da Câmara quase à exasperação. Na terça-feira 20, o deputado Marco Maia criticou pública e duramente o Senado pela morosidade em votar a indicação do professor Luiz Moreira, já aprovada pelos deputados, para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM).
Seria “morosidade gurgeliana”? Ou seja, a indicação estaria bloqueada por Sarney em favor de Gurgel? Gurgel teria bloqueado o processo de Roseana em favor de Sarney? Finalmente, haveria nessa história uma vergonhosa troca de favores?
Fonte: Viomundo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Começo do fim ou leve presságio: a renúncia do Sarney

Pipocam escandalos , um atrás do outro. Sarney de lá, Sarney de cá e nada. A mídia, na figura do PIG (Partido da Impressa Golpista), fustiga Sarney de todas as maneiras. Eu poderia estar satisfeito com tudo isso, pois é o começo do fim de um superpoder que ele acumulou ao ser alçado novamente a presidência do senado pela terceira vez. Muita coisa aconteceu: Roseana foi conduzida ao governo do Maranhão de maneira condenável, por um decisão jurídica através de uma corte política. Uma reflexão veio à tona - é necessário mudar a forma de indicação dessas cortes superiores e intermediárias da justiça brasileira. Retornando ao assunto. Os escândalos do senado que estão na pauta do dia e caem no colo do Sarney , pior é que não fico nem um pouco triste com isso. Então vamos a lista de questionamentos e amplo direito de defesa se o senador quiser publicar nesse modesto blog: a indicação do neto para o gabinete do Senador Epitácio Cafeteira é um caso que poderia se configurar de nepotism...

As maranhas da tática de manutenção do poder no Maranhão

A política nacional tem jogado com o destino do Maranhão já faz algum tempo. Vitorino, pernambucano, chega ao estado com apoio do governo central. A eleição de José Sarney também teve o apoio do presidente da república como retribuição pelo voto no colégio eleitoral que sacramentou o golpe de 64. Estes casos são exemplos de como a política estadual não pode ser vista isoladamente do cenário nacional, uma vez que o mentor do grupo que mantém o controle político e econômico do estado é até o momento um homem da política nacional. A aliança nacional PT/PMDB tem reflexo direto na atual conjuntura política no Estado. As eleições municipais de 2012 e a estadual de 2014 são definidoras na contabilidade do espólio politico do “Dono do Mar”. Este poder lhe confere parte da influência nacional que o senador tem. Para compreender o jogo politico do estado é necessário entender as engrenagens das estruturas de poder postas a serviço do grupo liderado por Sarney. O caso do processo de ...

Uma entrevista com um sabotador econômico - Parte I

Temos visto a ação nefasta dos grandes orgãos de mídia, tanto escrita, televisiva e veiculada na rede, ao posicionar-se contrariamente ao direcionamento político que a América Latina tem tomado nos últimos tempos, o que faz tremer o sistema global de dominação. O império (que nesse momento passa por uma crise) e as grandes corporações estão em franca ação para parar esse movimento. Evidencia-se a natureza do imperio estadunidense e a relação incestuosa com as grandes corporações. Esta são duas faces da mesma moeda, como afirma John Perkins, um ex-sabotador econômico em uma entrevista concedida a jornalista Natália Viana. A entrevista será dividida em duas partes, a primeira introduz a entrevista e a segunda parte é a entrevista especificamente. A divulgação que faço dessa reportagem neste blog busca mostrar aos nossos leitores como a coisa acontece nos bastidores do poder global. O momento atual precisa muito dessa munição cognocitiva para consolidar uma estratégia de resistência contr...