Pular para o conteúdo principal

Globo mostra o que esperar na reta final

Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:

Não é nenhum blogueiro que afirma. É o analista (e bom jornalista) do “Estadão”, João Bosco Rabello, quem analisa a forma como Bonner e Fatima trataram Serra na sabatina do “JN”:

“Foi o candidato que passou menos tensão (…) Teve espaço para desenvolver sua gestão e suas ideias na saúde e foi contemplado pelos apresentadores com o bônus de discorrer sobre as vantagens de um sistema de pedágio que premia os resultados das rodovias estaduais. Não foi pressionado nos temas mais delicados. Foi mais fácil para ele que para seus antecessores os 12 minutos na bancada do Jornal Nacional.”

E não é nenhum deputado do PT que reforça, mas o Roberto Jefferson, hoje aliado de Serra:

“William Bonner e Fátima Bernardes facilitaram para o meu candidato. Foram mais amenos com ele.”

Preciso dizer algo mais?

Preciso.

Como já afirmei aqui, a blogosfera talvez tenha força para oferecer um contraponto à velha mídia impressa. Mas a Globo, sozinha, ainda faz estrago. Por hora, vai agir como na sabatina dos candidatos. Finge que trata todo mundo igual, mas vai empurrando Serra.

Ah, mas a maioria percebe que Serra foi favorecido. Quem percebe essas sutilezas é o povo que acompanha política. O povão dos rincões, da periferia, fica com a imagem geral: Serra pareceu mais calmo que Dilma. Pouco importa o que ele disse. A imagem final foi levemente favorável a ele.

Ah, mas Dilma foi maltratada e mesmo assim manteve-se relativamente centrada. Ótimo. Mas para o povão isso não é mais que obrigação.

A tática é dar a ele a chance de chegar à reta final com cerca de 30% dos votos. O “DataFolha” também deve colaborar para isso. Vocês verão a próxima pesquisa… Anotem aí.

Mantendo Serra nesse patamar, e desde que Marina e Plinio fiquem com cerca de 10%, Dilma deve se manter em algo em torno de 45% dos votos.

Se ficar assim, Serra tem chance de forçar um segundo turno. (Dilma 45% x 40% para outros candidatos). E, aí, vocês verão do que a Globo é capaz: ´mudar 3% a 5% dos votos na reta final, é o que basta.

O Lula pode receber o Marinho (não sei qual deles, João, Roberto, José?) no Palácio. A Dilma pode fazer pose de boazinha. Do outro lado, os pitbulls estão prontos para atacar. Não precisam assumir o ônus de uma campanha aberta pró-Serra. Pra isso, há a “Veja”. Basta à Globo, na última semana antes do primeiro turno, “repercutir” alguma denúncia pesada contra Dilma.

Uma semana de repercussão, dez minutos por dia no JN. A Globo já não fala sozinha como há vinte anos. Ok. Mas o JN ainda tem o triplo de audiência do segundo jornal mais visto durante a noite.

Acreditem: faz efeito. Talvez, a Globo já não ganhe eleição. Mas pode empurrar pro segundo turno, como em 2006.

Para contrapor a força (não menosprezem essa força) da Globo, só há um elemento: Lula. Ele vai comprar a briga de frente? Vai dizer, olho no olho do eleitor durante o horário político, que a televisão mais poderosa do país favorece um candidato – por isso o eleitor precisa ter um pé atrás com o noticiário?

Não sei. Não tem sido o estilo de Lula.

Mas é preciso disseminar desde agora essa idéia – de resto, absolutamente verdadeira – de que a Globo tem lado. Não adianta dizer isso na reta final. Aí, será tarde. E a Globo já estará “repercutindo” as denúncias da “Veja” e da “Folha” – sob a coordenação de Ratzinger, o príncipe das sombras do jornalismo global.

.
Postado por Miro às 11:33

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Começo do fim ou leve presságio: a renúncia do Sarney

Pipocam escandalos , um atrás do outro. Sarney de lá, Sarney de cá e nada. A mídia, na figura do PIG (Partido da Impressa Golpista), fustiga Sarney de todas as maneiras. Eu poderia estar satisfeito com tudo isso, pois é o começo do fim de um superpoder que ele acumulou ao ser alçado novamente a presidência do senado pela terceira vez. Muita coisa aconteceu: Roseana foi conduzida ao governo do Maranhão de maneira condenável, por um decisão jurídica através de uma corte política. Uma reflexão veio à tona - é necessário mudar a forma de indicação dessas cortes superiores e intermediárias da justiça brasileira. Retornando ao assunto. Os escândalos do senado que estão na pauta do dia e caem no colo do Sarney , pior é que não fico nem um pouco triste com isso. Então vamos a lista de questionamentos e amplo direito de defesa se o senador quiser publicar nesse modesto blog: a indicação do neto para o gabinete do Senador Epitácio Cafeteira é um caso que poderia se configurar de nepotism...

As maranhas da tática de manutenção do poder no Maranhão

A política nacional tem jogado com o destino do Maranhão já faz algum tempo. Vitorino, pernambucano, chega ao estado com apoio do governo central. A eleição de José Sarney também teve o apoio do presidente da república como retribuição pelo voto no colégio eleitoral que sacramentou o golpe de 64. Estes casos são exemplos de como a política estadual não pode ser vista isoladamente do cenário nacional, uma vez que o mentor do grupo que mantém o controle político e econômico do estado é até o momento um homem da política nacional. A aliança nacional PT/PMDB tem reflexo direto na atual conjuntura política no Estado. As eleições municipais de 2012 e a estadual de 2014 são definidoras na contabilidade do espólio politico do “Dono do Mar”. Este poder lhe confere parte da influência nacional que o senador tem. Para compreender o jogo politico do estado é necessário entender as engrenagens das estruturas de poder postas a serviço do grupo liderado por Sarney. O caso do processo de ...

Uma entrevista com um sabotador econômico - Parte I

Temos visto a ação nefasta dos grandes orgãos de mídia, tanto escrita, televisiva e veiculada na rede, ao posicionar-se contrariamente ao direcionamento político que a América Latina tem tomado nos últimos tempos, o que faz tremer o sistema global de dominação. O império (que nesse momento passa por uma crise) e as grandes corporações estão em franca ação para parar esse movimento. Evidencia-se a natureza do imperio estadunidense e a relação incestuosa com as grandes corporações. Esta são duas faces da mesma moeda, como afirma John Perkins, um ex-sabotador econômico em uma entrevista concedida a jornalista Natália Viana. A entrevista será dividida em duas partes, a primeira introduz a entrevista e a segunda parte é a entrevista especificamente. A divulgação que faço dessa reportagem neste blog busca mostrar aos nossos leitores como a coisa acontece nos bastidores do poder global. O momento atual precisa muito dessa munição cognocitiva para consolidar uma estratégia de resistência contr...