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Apontamentos sobre o Maranhão


A história do Maranhão é cheia de idas e vindas. Entre 1600 e o início do século XX o estado passou da pujança econômia propiciada pela exportação do algodão e arroz a hecatombe, segundo Rossini Corrêa (1993). A miopia da elite senhorial e sua elite intelectual, afeita ainda um idílico vice-reinado transtântico, só concebeu a república e sua intregração ao mundo espartano brasileiro ao ser reconhecida enquanto Atenas. Na concepção dos nosso gregos timbirenses, uma Atenas que se diferia do resto do Brasil ao ser reconhecida como tal.

No presente, observamos que determinados setores da elite política e econômica do estado não aprendeu com os erros cometido no passado que levou o Maranhão de 4ª maior economia do Brasil a última no espaço sócio-econômico da nação, fruto da visão tosca e estática da elite timbirense, pois perderam o rumo da modernização capitalista e ficaram ainda ligados ao modo de produção arcaico baseado no escravismo, mesmo com posterior indústria, mas sem o folego necessário para enfrentar a pujança do café que grazou no oeste paulista e que financiou sua industrialização.

Infelizmente, os raios da hecatombe ainda radiam o presente, mas sou otimista em relação ao futuro. Estive recentemente em São Luís(Dezembro do ano passado) e a percepção que me passavam as pessoas é de insegurança. Bom! logo pensei - a questão do aumento da violência é devido a falta de políticas públicas que ocupem esse vácuo instaurado em São Luís e no Maranhão, o que foi feito para evitar ou previnir tal situação? nada! - ou seja, não há emprego, não há investimento na infra-estrutura da cidade, o que demandaria empregos desde a construção civil, no setor de serviços (turismo especialmente) e na produção etc. Isso sim, seria uma resposta positiva a demandas da cidade (tão bela e tão mal tratada em seu aspecto estético, natural, cultural e urbano).
A solução para essa elite política encastelada no poder(com direito a trocadilho) é a repressão a juventude pobre, negra e sem perspectiva). Nos bairros onde a maior parte da população é negra isso sempre foi uma constante. O exemplo clássico é o Bairro de Fátima e a Liberdade, por exemplo, onde o contingente pobre se massifica e ilustra o cenário de imobilismo econômico; em contra partida não há apoio ao lazer, ao trabalho, saneamento básico e geração de emprego e renda.
A questão central é o jogo da vida, como ela se apresenta para a maior parte do povo maranhense, toma contornos de formas mais cruel e sociologicamente explicável na sua conformação, pois a miséria do povo é fruto da opulência que historicamanete sempre foi apropriada pelas classes abastadas. Elas preparavam seu filhos para ocupar a burocracia do estado, uma província com contexto de história de exclusão social típico da história do Brasil. Além disso, as relações de compadrio, parentelas e afilhados alçaram posições de forma parasitária na máquina pública maranhense. A imensa massa mestiça que ocupava os estratos inferior da sociedade não tinha vez, para ser justo, talvez rara excessão. Essas massa é a que compõe o bairros nos espaços próximo ao centro da capital (Liberdade, Bairro de Fátima, Correia de Baixo e de Cima, Vila Passos etc) e se espalharam por toda a cidade e pelo Maranhão adentro.

O caos social pela falta de políticas tem contornos vivos. O caminho das drogas (com destaque o crack e a merla) é uma trilha fácil a se chegar. A política pública instaurada pela visão elitista do poder em exercício é a manutenção da "ordem" da dominação (policiamento repressivo e ostensivo, palavras pitoresca dos diversos secretários de segurança do Maranhão) e alienação do povo propiciada pelos vários mecanismo ligado e interligados a esse propósito, tudo isso faz parte de uma visão articular de dominação, pois garante o status quo ante e post, não me iludo em relação isso.
É evidente que Castelo não está nem aí, sua atitude é elitista diante dos problemas do povo, da cidade que está sob sua (in) resposabilidade. Compra de votos, corrupção, apropriação patrimonial da máquina pública etc. tudo faz parte do cardápio do desmando e da cultura política atrasada que precisa ser estripada do poder. Ela é prática recorrente tanto tanto no governo do estado quanto na prefeitura, mas o troco vem aí, pois a população do Maranhão em sua história já esboçou resistência em outros momentos e não vai ser desta vez, vamos aguardar.
Um balaio. Não aquela opera bufa estrelada por Jackson e Dutra, mas uma luta do povo contra opressão que o corrompe e o aparta do crescimento econômico de que vive o país. Por outro lado, a disputa elitoral que se aproxima projeta a luta política no estado para além da sua aristocracia fundadora, para além do Vitorinismo ultrapassado(lembrando que vitorino era Pernambucano) e para além do Sarneísmo nefando, o qual tantos maranhenses confiaram a sua sorte.
Sarney se elegeu sob discusso da transformação, mas o DNA político nascido das estruturas atrasadas não conseguiu reviver esse Maranhão de outrora, aquele que nunca foi justo a maioria de seu povo, um Maranhão que sempre foi desigual desde a fundação da província.

Um questão me trás uma esperança, pois quando tudo parece estar indo ao seu último degrau da insanidade opressiva, uma força indomável e revolucionária de resistência surge, é a história da hecatombe dos mais "sólidos" impérios.

Comentários

Bela e profunda análise da história política e social do MA.
Por isso mesmo o ano de 2010 se configura como um dos mais importantes na história política recente do estado, onde, finalmente, as oligarquias e seu jogo provinciano e antirepublicano poderá sofrer sua mais efetiva derrota!

Parabéns.

Saudações.
Marcia Oliveira disse…
Olá Robson,

Excelente análise. Após décadas de continuísmo e ausência deliberada nessas cmunidades, essas mega-operações policiais são implementadas. Fato este que reflete a indiferença com que os governantes estaduais e municipais tratam as comunidades pobres de SLZ. Também acredito no potencial revolucionário no nosso povo de transformar a realidade histórica e social desta cidade.

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