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Reorientação no programa espacial brasileiro, a polêmica do CLA no Maranhão



30/07/2009 - 15h22
Na próxima semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá discutir com o ministério da Ciência e Tecnologia, a Agência Espacial Brasileira e a Aeronáutica, a transferência do Centro de Lançamentos de Alcântara, para o litoral do Ceará. Por conta dos problemas envolvendo remanescentes de quilombos, o governo decidiu alocar uma nova área com as mesmas características, inclusive em relação à linha do Equador. A região escolhida é próxima ao Porto de Pecém, no Ceará. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), concluiu que 78 mil hectares de Alcântara, de um total de 114 mil, pertencem aos quilombolas, o que inviabiliza a criação do Complexo Espacial Brasileiro na área. O governo pretendia construir ali, quatro centros de lançamentos de foguetes. Três deles para uso em parceria com outros países e um exclusivo para o Brasil. O Veículo Lançador de Satélites (VLS), desenvolvido pela Aeronáutica teria um sítio próprio. Além disso, o governo pretendia transformar Alcântara num grande pólo de atração turística tendo a tecnologia espacial como principal apelo, a exemplo do que faz a Nasa, nos Estados Unidos. Os entraves com as comunidades quilombolas já provocaram o atraso nos projetos desenvolvidos pela binacional Alcântara Cyclone Space, que foi transferida para a área utilizada no desenvolvimento do VLS. O foguete desenvolvido em parceria com a Ucrânia deveria ser lançado em julho de 2010, mas deverá ficar para outubro ou novembro do próximo ano. O local escolhido no Ceará apresenta algumas vantagens que Alcântara não possui, como um porto, estradas, uma capital próxima (Fortaleza) e um centro universitário (Sobral). Para completar, a região de Pecém também dispõe de localização privilegiada para o lançamento de veículos com satélites a 3,2 graus em relação à linha do Equador. Kourou, o centro de lançamentos da França na Guiana, é considerado o mais bem localizado do mundo e está a 5,2 graus da linha do Equador. De qualquer forma, o melhor local ainda é Alcântara, a 2,2 graus. Para se ter uma idéia, da vantagem competitiva do CLA, cada lançamento representa uma economia de no mínimo 30% em relação a qualquer outra base ou centro do mundo. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu em audiência pública realizada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, do Senado, um aumento da área de Alcântara para abrigar o programa do VLS e preservar o acordo com a Ucrânia. Ele quer que o sítio para os dois projetos em curso, seja ampliado em 9,2 mil hectares. Os ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia não gostaram nenhum pouco da decisão do Incra. O diretor brasileiro da Alcântara Cyclone Space, Roberto Amaral, deverá anunciar ao presidente Lula que os ucranianos aceitaram incluir a indústria brasileira na fabricação do Cyclone 4. As empresas poderão contribuir com os componentes do motor do foguete.
Fonte: http://www.inforel.org/

Comentários

O problema de Alcântara é que há unilateralidades demais nos atores que discutem a questão.Não pode haver contradição insolúvel entre as questões sociais (quilombolas)e a questão nacional (base aeroespacial)!

O nacional tem que contribuir para as questões sociais e particulares, até para haver integração efetiva, e o social tem que compreender o papel nacional, estratégico, de um centro de lançamento de foguetes.

Espero que cheguem a essa compreensão política para o bem de todos.

Saudações.

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