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Desenvolvimentismo e conservadorismo: breve análise dessa contradição




Após a indicação de Luciano Coutinho para o BNDES, instituição considerada o motor de indução para que o PAC seja efetivado quanto política de desenvolvimento, observa-se, no outro extremo do governo Lula, o conservadorismo ainda presente nas deliberações econômicas do Banco Central, a última reunião do COPOM (Conselho de Política Monetária) demonstra bem esse aspecto. Embora por placar apertado, evidencia-se que o conservadorismo ainda tem seus defensores por ali e determinou neste mês um corte de 0,25% na taxa selic.
A indicação de um desenvolvimentista conceituado, tanto nos meios acadêmicos quanto no setor produtivo, representa um compromisso do governo Lula com essa linha de pensamento, por outro lado, as amarras conservadoras ainda estão por desatar. Nesse sentido, a indicação do Professor da Harvard Mangabeira Unger, ligado ao PRB, para Secretária Especial de Ações de Longo Prazo, mesmo não concordando com todas suas concepções, o fato dele compor a equipe de governo representa um avanço no pensamento estratégico do governo Lula, pois o Brasil se recente de políticas de longo prazo e de cunho eminentemente estatal, ou seja, de política de Estado.
Em artigo já publicado na Folha de São Pulo (05/12) e comentado nesse blog através de um outro artigo intitulado “Por um crescimento econômico e social de conformação Tupiniquim”, destaquei a necessidade de ser ousado para além do marcos das determinações econômicas dos organismos financeiros internacionais, digo FMI. Essa instituição deixou de oficialmente ditar as regras, mas se transformou numa espécie de eminência parda no espectro econômico brasileiro, vide, por exemplo, o superávit primário que continua nos marcos preconizado por esse fundo ao Brasil. Em artigos publicados por Mangabeira Unger, é criticada a falta de ousadia do governo em romper com os fundamentos macroeconômicos desenhado pelo FMI. Ele aponta a necessidade de se reinventar a política econômica e dando novas características e que expresse ousadia em sua condução. Por outro lado, Luciano Coutinho entra no governo para expandir e agregar o pensamento desenvolvimentista ao núcleo central do governo. Isso aponta para novos caminhos nesse segundo mandato.
Os aspectos centrais do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) só poderão ser efetivados a partir de arrojo e compromisso de Estado com o desenvolvimento. É necessário o governo Lula cada vez mais se distanciar das condicionantes conservadoras ainda presente em seu governo e abraçar o desenvolvimentismo articulado ao campo social. A efetivação dessa diretriz no governo, talvez seja o grande legado a uma concepção econômica que se sedimenta no Brasil, diferentemente do que aconteceu na década de 1990, os anos das luzes neoliberais que assolaram país e grandes prejuízos causaram ao povo brasileiro.
Algumas considerações a respeito de Unger podem ser verificadas no conversa afiada do Paulo Henrique amorim:http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/427001-427500/427426/427426_1.html

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