Às vezes o altruísmo é maior que
o pragmatismo que nos assanha em períodos de elaboração de tese. Mas nesses
momentos de construção, análises e sínteses acerca do objeto de estudo, há espaço
para refletir também o movimento político dos estudantes da pós-graduação.Como ex-diretor da entidade, permito-me refletir a APG/UnB.
Terminado o 14º Congresso Nacional de Entidades de Base (CONEB) agora em
janeiro em Recife, percebe-se com grande profundidade a consolidação de pauta que unifique trabalhadores, juventudes, partidos políticos, movimentos sociais e
importantes segmentos sociais da intelectualidade brasileira. Os pós-graduandos
são elementos inerentes deste processo.
Os caminhos estruturantes para o Brasil foram pontuados nesse CONEB de forma politizada pelos estudantes brasileiros. A necessária unidade
da juventude e dos movimentos para aprofundar as mudanças no Brasil, bem com a
organização de uma jornada unificada em março para dar consequência a reinvindicações, torna sine qua non exponenciar sua dimensão.
A ANPG há anos leva este debate a cabo e busca pressionar o governo
através de mecanismos que possui e tem conseguido muita coisa, mas ainda há
muito por fazer. Seus périplos no parlamento e nas instâncias de representação
que tem assento (CNPq, etc), constatam bem o esforço político da entidade em trazer melhoria
as condições de pesquisa no país. O PNAES para a pós-graduação, as caravanas pelo reajuste das bolsas, salões nacionais de divulgação científica, mostras de ciência e tecnologia na Bienal da UNE
entre outros, fazem parte da grande estratégia de mobilização para esse enfrentamento. Essas ações são exemplos do protagonismo que tem exercido o movimento nacional.
Os encaminhamentos da direção da ANPG demostram que a entidade não age
com governismo, mas faz política que possibilite avançar com combatividade nos pleitos a favor dos estudantes. Manteve as pautas do
último Congresso Nacional de Pós-Graduandos (CNPG) e tem pressionado o governo para uma política de valorização de
bolsas, o que resolveria a necessidade de negociar todo ano percentuais fracionados. Além disso, há outras pautas que tem havido trabalho e outras são
induzidas pelos próprios pós-graduandos através de questões que se enunciam na realidade objetiva.
As APG’s podem jogar papel importante nesse processo também.
Na UnB temos percebido que a gestão esqueceu que estas pautas são
importante para APG imprimir, uma vez que uma entidade isolada mal dará conta de
questões paroquiais e que não atacam o cerne do problema que afligem o
dia-a-dia da maior parte dos pós-graduandos na universidade. Somos 8.000.
Mesmo na APG tendo um diretor da ANPG, este pouco ou nada faz para
fortalecer o movimento nacional e local. Faz críticas a associação nacional no grupo yahoo daquilo
que não tem coragem de postar no facebook. Por que será? Poderia pelo menos
trabalhar para colocar localmente em curso as atividades nacionais e laborar para
o crescimento do movimento de pós no centro-oeste, que seria sua atribuição na pasta que assumiu nacionalmente. Lamentavelmente isto não tem
sido feito.
A sanha por derrubada dos conselheiros anteriores sob a capa de um
processo viciado até hoje joga luz sobre as consciências desprovidas de crítica
dos poucos diretores que restaram a entidade.
A questão sobre o atraso das bolsas Capes foi sintomática. Ao invés de
fazer um trabalho institucional na UnB sobre a questão do atraso, preferiu
fazer críticas a ANPG. Se retira das responsabilidades locais e coloca culpa
nos outros para camuflar a incompetência e dar respostas concretas aos
estudantes da pós-graduação na UnB.
Embora o discurso do apartidarismo vira e mexe seja ressoado em comunicados em nome da APG como algo que a entidade deva estar despida, é contraditória tal
afirmativa quando analisamos o alinhamento e filiação política de alguns dos
seus diretores. Agir sem determinadas escaramuças devia ser um valor, o que revela uma falta de sinceridade com os pós-graduandos. Por aí já se pode
imaginar muitas coisas do caráter nefando travestido de democracia que alguns
se esmeram em demonstrar. Qualquer um pode ter ou não sua filiação partidária. Foram estas instiuições que contribuiram para construção de vários processos democráticos no mundo contra as tiranias e ditaduras.
Há quase cinco meses de terminar um enfadonho mandato que se resumiu a
uns poucos eventos com diminuto público e ao empoderamento casuísta nos conselhos da pós, a APG continua sem pauta que unifique todos os pós-graduandos
em bandeiras comuns para revitalizar a entidade. A prática do divisionismo e de
autopromoção criam esses tipos de vícios que levaram a atual gestão ao
ostracismo político. Sem o expediente de redes sociais para uma publicidade de
um suposto mobilismo, o que seriam?
O que fazer? diria Lênin. Os pós-graduandos devem se perguntar o que
fazer. No momento só restar esperar e refletir como resgatar a APG da
inoperância e do propagandismo do abstrato e sem pouco resultado as questões
concretas que nos afetam como estudantes. Um chamamento a ação concreta para reverter tal estado de coisa na nossa associação, torna-se a única possibilidade no horizonte. Pós-graduand@s, organizai-vos!
Este ano haverá grandes mobilizações dos pós-graduandos brasileiros convocada pela ANPG e seus parceiros de lutas mais gerais. Será cobrado as
responsabilidades do governo no que diz respeito aos pós-graduandos e as mudanças estruturais, mas com
política e com gente na rua nas campanhas que se seguirão. A APG/UnB não pode
ficar fora desse chamamento e ficar restrita a mesquinhez política que tem
caracterizado a sua atual condução.
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