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Olhando para olho do furacão: notas de uma colcha de retalhos


Ao olhar as transformações do mundo, observam-se também questões importantes a refletir. A crise mundial deixa lições ao capitalismo e a aqueles que acreditam que outro mundo é possível, em particular uma sociedade socialista.
Evidencia-se que essa transformação segue o curso histórico originário. Ela é dissecada pela crítica marxista ao capitalismo e sua filosofia vulgar que tanto os adeptos do pós-modernismo se gabam em absorvê-la com regozijo. Dá asco só em pensar!
O Brasil, como parte do mundo, não está fora desse contexto. Temos muito a aprender e a avançar, mas estamos avançando. A perspectiva para 2010 é de um debate muito interessante ao contrapor duas visões antagônicas. Uma seguidora do princípio neoliberal, na visão macro-econômica e social, que já provou sua ineficácia até em solucionar os problemas do capitalismo e a segunda de cunho desenvolvimentista com base na melhoria também dos indcadores sociais, com todos erros e acertos.
Diante disso, apesar das contradições inerentes a uma aliança de centro esquerda no governo Lula, concertou-se, de certa forma, um projeto que coloca o país num patamar inédito em seus mais de 500 anos, além de consolidar sua posição regional e mundial.
Por outro lado, a pobreza é um dos aspectos sociais importantes a se travar no pais. As elites sempre se esquivaram em dar uma resposta contundente a essa mazela capitalista, não é de surpreender que essa resposta nunca tenha vindo devido a exploração que o país foi submetido por séculos desde a coroa portuguesa e pelos governos vendilhões que se seguiram.
Entretanto, o governo Lula faz sua viragem política ao fortalecer programas sociais importantes enquanto meta de governo e propiciar o crescimento econômico que possibilite a sustentabilidade para os mais pobres.
O continente não está tranquilo. Os EUA negociam sete bases na Colômbia. É parte do frenesi daquele que está avisando que não vai deixar de graça a perda de seu domínio continental sobre a região. A perda de influência, para eles, se compensa com a chantagem militarista em conluio como governo títere de Uribe.
Os meios de comunicação burgueses instam Lula a se prostrar aos pés da ideologia conservadora do imperialismo em detrimento daqueles que governam sob uma bandeira bolivariana como ícone revolucionário de integração latino americana. Obama deveria dialogar pelas palavras e não pelos canhões e aparatos de pressão militar, não sejamos ingênuos, o império é isso aí.
O jornal britânico The Economist insta Lula a uma definição de que lado está, o imperialismo ruge através de seus porta vozes mediáticos. Do outro lado, isso também representa desafios que temos pela frente. Em 2010 é necessário reafirmar o espaço conseguido pelos setores progressistas da sociedade brasileira e garantir para que não seja interompido.
Em relação a crise no senado, a resposta é óbvia. O senado sempre foi a casa mais intransparente das instancias de poder da república, só a mídia golpista não sabia. Como diz PHA, “descobriram que o Sarney é o Sarney”, por exemplo, porém muito desses opositores de plantão não sobrevivem a uma investigação mais séria, o eleitor tem que ficar atento.
A questão central é atingir o governo Lula e criar alguma situação que conturbe o cenário das eleições presidências e reduza o seu poder de influência nesse processo. Eles sabem que precisam atingir esse setor do PMDB que dá sustentação ao governo.
Marina Silva perdeu a noção. Chateada com o governo, em particular, com Lula e Dilma por tê-la deixado de fora do projeto amazônia e dado a Mangabeira Unger a incumbência. Foi um erro devido a suas relações desse senhor com Daniel Dantas. Esse último está de olho no subsolo da Amazônia. A senadora está ferida em seu ego e quer dar o troco indo para o PV, linha auxiliar da tucanalha. Esquece ela que a tucanalha é uma devorador contumaz dos recursos econômicos e naturais do país. Além do mais senadora, é necessário lembrar que pobreza e degradação ambiental andam juntas, não é a melhor forma de reagir. Enquanto a gestão FHC aprofundou os bolsões de pobreza, o governo Lula reduziu, isso tem impacto na pressão sob o campo conservacionista, umas de suas bandeiras.
Nessa reflexão, a seguinte questão me veio a cabeça - é necessário olhar para o olho do furacão - Muita coisa pode mudar ou se consolidar ainda, estejamos atentos.

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