Roberto Amaral é
um dos que se somam a coerência política que deve ter um partido que se
denomina socialista. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) não deve sua
reputação histórica a Eduardo Campos, sim, a João Mangabeira, Domingos
Vellasco, Hermes Lima, Rubem Braga, Osório Borba, Joel Silveira, José Lins do
Rego, Jader de Carvalho, Sergio Buarque de Hollanda e Antônio Cândido.
O segundo capítulo
da história desse partido foi sua refundação. A Comissão Nacional criada
para isso teve importantes nomes da vida política do país e da intelectualidade
brasileira. Figurava Antônio Houaiss como presidente e como membros:
Marcello Cerqueira, Roberto Amaral, Evandro Lins e Silva, Jamil Haddad, Joel
Silveira, Rubem Braga e Evaristo de Moraes Filho. Este último é autor de um
importante livro intitulado “O problema do sindicato único no Brasil: seus
fundamentos sociológicos.
Em março de 1990,
o governador Miguel Arraes, foi convidado pela direção nacional, ingressar no
PSB. Sua biografia política ilustra bem quem era este homem. Nascido em 1916 e
morto em 2005, foi eleito pela primeira vez governador de Pernambuco pelo
Partido Social Trabalhista (PST), em 1962, apoiado pelo Partido Comunista
Brasileiro (PCB) e setores do Partido Social Democrático (PSD), derrotando João
Cleofas (UDN) - representante das oligarquias canavieiras de Pernambuco.
Na primeira
eleição de Lula a presidência da república, o PSB compôs a Frente Brasil
Popular (FBP) para disputar a eleição de 1989 encabeçada pelo sindicalista e então deputado federal Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) na cabeça-de-chapa e o senador José Paulo Bisol (PSB)
como candidato a vice-presidente. A coligação era composta por 3 partidos: Partido dos Trabalhadores (PT), Partido
Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialista
Brasileiro (PSB).
É esta história
que está sendo maculada por setores do PSB ao aderir, em nome de um suposto
estandarte "in memoriam" de Campos, ao projeto neoliberal
representado pela candidatura Aécio Neves. Tal apoio representa um equivoco
histórico, pois não condiz com a trajetória do partido ao longo de sua existência e nem com o socialismo.
Os caminhos são
tortuosos para consolidação de um projeto de nação, defecções ocorrerão. É
necessário que as forças de esquerda e daqueles que se oponham ao retrocesso de
cunho neoliberal se mantenham fortes. Só a candidatura Dilma Rousseff
pode dar impulso ao novo ciclo de desenvolvimento que tanto o povo brasileiro
anseia.
Robson Camara é
professor, Doutor em Sociologia e Mestre em Educação pela Universidade de
Brasília.
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